Big Breasted Blonde Amateurs
«Cada ratinha tem o seu mistério e desvendar uma não quer dizer que percebemos o mistério total», Puchkine, Diário Secreto
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Requiem à Fiama


Morreu a Fiama.

Lembro-me de ter tomado contacto com a obra dela aquando de um recital na Faculdade de Letras da UL, quando o representante da AE me entregou uma lista de poetas que gostaria de ver recitados.

O único que não conhecia era a Fiama.

Tratei pois de conhecer. E gostei só assim assim. Nunca mais recitei porque os poemas dela não funcionam recitados. Têm que ser lidos. Pensados. Ler um e deixar que o dia passe por ele e por nós como apenas um dia. Melancólico.

Como o sol de um dia de frio de inverno.

Enfim.

Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera

se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?

Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:

todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.

Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue

dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.

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