16 de Agosto de 2007.
8h23, o meu despertador toca.
Enquanto dou espaço ao meu cérebro para regressar à vida (muito graças aos insondáveis milagres de uma mais ou menos saudável taça de chá), dou uma primeira espreitadela ao tempo.
Lá fora o sol brilha, como geralmente acontece em Agosto.
Pensamento imediato: praia.
A silly season está aí fora e ao rubro. Sim, bem sei que os poucos audazes que ainda lêem estas palavras já o fazem em Setembro, mas a minha devoção quase cega a Hemingway obriga-me penosamente a reportar-me única e exclusivamente ao meu presente. A todos os lesados, o meu sincero pedido de desculpas.
Por falar em Hemingway, o verão costuma-se pautar pelo lançamento frenético de novidades literárias capazes de seduzir o mais descuidado e desatento dos leitores. Assim só de repente lembro-me de uns dez livros que saíram nestes últimos três meses. Se não acreditam, pois ora vejam, ou leiam:
As mulheres do meu pai – Agualusa – não li, nem sei se faço tenção de o fazer em tempo útil. I.e., até Setembro. 0-1.
Época de Acasalamento – P. G. Wodehouse – bem sei que é uma reedição, mas a primeira (1949) não só está esgotada, como é virtualmente inexistente neste nosso rectângulo pejado de praias encantadoras. 1 igual
Harry Potter and the Deathly Hallows – JK Rowling – o último da saga que revolucionou o panorama literário internacional da última década, é para mim o melhor de todos, assim acabando em beleza. 2-1
A Espera – Rui Zink – Sim..., é Zink, mas desta feita nos Açores. 3-1
O lançamento de uma série de excelentes escritores brasileiros, incluindo o imparável Otávio Frias Filho, com preços (alguns) extremamente convidativos. 3-5
Um ensaio de que já não me lembro o nome do George Steiner sobre o prazer da leitura. 3-6.
Na praia de Chesil – Ian McEwan – que na altura em que escrevo estas linhas enfadonhas vou mais ou menos a meio, suspeitando que as 60 páginas que me separam do final sucumbirão num futuro mais ou menos próximo. 4-6.
Envergonhado desta minha prestação literária claramente deficitária (como é meu belo hábito nestas coisas assim como no futebol), volto a espreitar pela janela e confirmo que o sol ainda brilha esplendoroso lá fora.
Acabado o chá, enfrento a realidade e saio de casa, pronto para enfrentar mais um dia de trabalho.