A quantidade de não-trabalho produzido por alguns dos funcionários públicos que me rodeia é aflitiva.
Hoje, 2ª feira a Biblioteca está fechada para que se possa fazer trabalho técnico à vontade. Eu, que tantas vezes não sirvo de exemplo para nada, estou para aqui confinado a fazer avaliações de crianças a quem já não associo o nome à cara e a tentar imaginar uma maneira simpática de ler a Ilha dos Amores a turmas do 3º ciclo. Trabalho técnico, portanto.
De repente, o telefone toca.
A ajuda dos dois seres que deambulam em meu redor em busca da sua identidade é requisitada algures no rés-do-chão. Depois do dito telefonema, seguiu-se um interessante diálogo que tentarei reproduzir o mais fielmente possível:
- Temos que ir lá abaixo.
- Fazer o quê?
- Ajudar a pôr tsunamis num fio de pesca.
- Isso é aquela cena japonesa?
-Ya, os bonecos de papel (nesta altura apercebo-me de que falam de tsurus e não do fenómeno natural que varreu Lisboa em 1755 e a Indonésia há menos tempo).
- E onde é que temos mesmo que ir?
- Lá abaixo.
- Acho que vou fumar um cigarro. Vens?
E lá fumaram um cigarro tranquilamente enquanto o telefone ainda tocou mais duas vezes em busca de ajuda e do paradeiro das duas senhoras.
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