Ontem, enquanto estava por aqui a fazer uma pesquisa mais ou menos exaustiva sobre as desventuras de um tal Ludwig Wittgenstein (não me peçam, por favor, para voltar a escrever o seu nome sem gralhas), pedem-me dinheiro.
Porquê, perguntei justamente.
Foi aquela brasileira, a que morreu. Para ser enterrada no Brasil.
Não dou, respondi de acordo com as minhas convicções. Escândalo. Recebi, de imediato, diversos olhares reprovadores, obrigando-me a explicar o porquê desta minha nega. Como sou a favor do esclarecimento público das ideias, cedo comecei por dizer que quem não tem dinheiro não tem manias, que achava um absurdo gastarem-se 5000€ num morto (ou numa morta, no referido caso) e que se afamília assim fizesse tanta questão, que a viesse cá buscar, já que por mim, a enterrava aí num quintal qualquer.
Apelidaram-me de racista.
Consciente de que há brasileiros bem mais arianos do que eu, expliquei que quando morresse queria apenas o simples indispensável de acordo com os pressupostos da ASAE e que mada igual (desculpem a expressão espanhola, mas aqui é a que melhor se adequa) onde fosse enterrado. Ainda deixei mais algumas notas de indignação em relação ao rito da morte nos países latinos e da forma como isso é explorado até ao exagero e a sua consequente exploração comercial. Que é algo que me mete nojo, aliás.
Uma por uma, as pessoas abandonaram o local onde me encontrava de maneira que me pude concentrar a tempo inteiro na paulada fatal que Wittgenstein mandou num aluno.
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