Big Breasted Blonde Amateurs
«Cada ratinha tem o seu mistério e desvendar uma não quer dizer que percebemos o mistério total», Puchkine, Diário Secreto
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Livro da Semana


Apesar da loucura e euforia que o Kindle veio provocar nesta alma singela que vos escreve, a verdade é que o livro físico continua a desempenhar um papel importante, como poderão ver pelos próximos dois livros desta semana e da próxima, ambos lidos em formato normal ou tradicional.

Pois para mostrar que a loucra pelo novo pode não ser assim tão grande, resolvi deleitar-me com um dos grandes mestres da nossa literatura: Eça de Queiroz.

Tem-me vindo a cheirar que o nosso amigo Eça é um daqueles escritores que fica mal dizer que não lemos tudo, quando, na verdade, a maior parte de nós leu apenas Os Maias e porque a isso fomos obrigados na escola.

No seguimento das duas adaptações cinematográficas, atirei-me para o famoso e polémico Crime do Padre Amaro.

A primeira coisa que ressalta logo à primeira vista é que qualquer uma das adaptações fica a quilómetros do original. A mestria do Eça é quase impossível de passar ao écrã. Não é minha intenção diminuir as capacidades dos argumentistas e realizadores portugueses e mexicanos, mas a verdade é que o Eça não é um rapazinho nada fácil para essas brincadeiras (já experimentaram o José Rodrigues dos Santos?).

Seja como for, a adaptação portuguesa parece-me agora consideravelmente fraca, e isto tendo em conta as devidas adaptações temporais.

A crítica social e o drama pessoal são dois dos temas mais profundamente abordados neste livro. Disso não há dúvidas. Mas a parte genial é a forma como ele aborda os dois lados da questão, fugindo inteligentemente à crítica social de cariz republicano, tal como também aborda o drama pessoal da Amélia de forma tão intensa quanto o do jovem Amaro.

E isso é impossível de adaptar. Os dramas internos e questões existenciais são profundíssimas, atingem-nos como um raio fulminante, deixando-nos rendidos ao seu brilhantismo narrativo.

Em palavras brutas e concisas, posso afirmar que foi um dos melhores livros que li este ano e por isso se justificará o


10/10

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