A Y de hoje traz um fenomenal artigo sobre os novos poetas portugueses.
Dos nomes mencionados, houve um que desde logo despertou em mim um desejo de continuar a ler. Passo a explicar ea partilhar:
Se pudesses, O'Neill, ver hoje o teu país,
(ou tu, Assis Pacheco, filho pródigo
destes quintais floridos)
velho de oito séculos e pouco mais velho
desde que o deixaste,
país que secretamente não vota
para não se maçar
enquanto furta com arte as gaiolas vizinhas
a cantar nas paredes caiadas,
país com mais que fazer
(futebol para vere mato para queimar);
se pudesses vê-lo agora
não levarias a peito,
mas confirmarias, estou certo,
que tem defeito de nascença
ou de fabrico,
mais valendo, por isso,
como em vida tua valeu,
deitar por terra a lança do ódio,
fechar a navalha do tédio,
sacudir o ombro amigo da solidão
e rir sonoramente de tudo,
talvez não tanto à porta da pastelaria
como, hoje em dia, à porta dos chineses,
mas rir sonoramente de tudo, dizia,
- de ti mesmo,
sobretudo.
O autor deste O País à Porta que aqui vos invoquei é Rui Lage enão consigo deixar de o ler, o que tem vindo a comprometer o meu mais premente e urgente trabalho.
Isto há coisas...
Etiquetas: Libertinura e pegas no paleio