Big Breasted Blonde Amateurs
«Cada ratinha tem o seu mistério e desvendar uma não quer dizer que percebemos o mistério total», Puchkine, Diário Secreto
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
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O pessimismo, característica essencial do movimento filosófico que teve em Schopenhauer o seu expoente máximo, é divertido.
Chega mesmo a ser tão divertido, que por vezes acredito piamente que possa ser real e isso tudo. Claro está que não sigo à risca os seus ensinamentos, pois esta fé cega que tenho num Benfica campeão não me permite ser de todo pessimista. De certa forma, também tenho uma fé inabalável de que para a semana sairá mais um livro do Nick Hornby ou do David Lodge que me alegrem o dia e o tempo que passar a lê-los.
Há quem diga que esta leitura compulsiva de apenas dois autores constitua uma forma de alienação, mas eu nem sequer me dou ao trabalho de os contestar. Pode ser que tenham razão.
Não quero saber.
Hoje em dia há muitas coisas de que não quero saber. É assim. Os jovens já não se interessam e não sei que mais, dizem. Que triste realidade! Pois a verdade é que nem imaginam o bem que me sabe fazer parte dela.
Lembro-me sempre de uma frase do Garfield (desenhos animados que marcaram profusamente a minha pré-adolescência) em que ele afirmava um “Don’t know, don’t care”, que se poderá traduzir para português (e aqui terão que desculpar a minha falta de apetência linguística) num “Não sei, nem quero saber”. Esta é daquelas frases que dá jeito saber. Mesmo que não se queira.
Mas todo este texto surge no seguimento de um dos maiores dilemas existenciais (nunca gostei lá muito do Sartre: andar na rua a distribuir panfletos no meio de uma manifestação, entre operários e estudantes e gritar até ficar afónico não faz bem o meu género) que me atingiram nestes últimos tempos:
Tenho, neste momento dois livros que quero ler, mais do que qualquer outra coisa (até mesmo do que ver um Chelsea-Fulham em diferido na SporTV2 às duas da manhã) e não me consigo decidir qual dos dois hei-de ler primeiro, sendo que (por insondáveis e misteriosos desígnios de uma qualquer força superior ao meu ser) de momento estou a ler David Mourão-Ferreira (será por causa da exposição que está na Biblioteca? Exposição? Qual exposição?). Ah, claro está que os livros são o Autor, Autor do Lodge (que me anda a fugir há demasiado tempo) e o mais recente do Hornby (The Complete Polyssylabic Spree, ainda na edição inglesa da Penguin, com aquelas capas estranhas ou diferentes das nossas).
Seja como for, não quero saber como é que me vou desenrascar desta perigosa situação, digna de um aventureiro MacGyver.
Uma vez, houve alguém que me disse que eu era assim meio para o nihilista. Na altura não sabia o que queria dizer. Hoje já sei, mas nunca pensei seriamente se o seria ou não.
Mas agora que penso nisso, até acho que o nihilismo é capaz de ser divertido.
Chega mesmo a ser tão divertido, que por vezes acredito piamente que possa ser real e isso tudo.

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