Tal como neste mesmo blogue tinha ficado prometido, aqui ficam as imagens de um dia por Tomar, a fim de contribuir para o enaltecer do glorioso espírito nacional.
Pois começando por esse grande drama nacional que é o de conseguir estacionar o carro nos centros das cidades, Tomar revelou-se uma cidade igual a todas as outras, cheia de truques e dificuldades para estrangeiros como eu.
Mas com sorte e inspiração divina, lá consegui estacionar o carro e deliciar-me pelas ruas do centro da cidade plantada à beira do Nabão, rumo a um restaurante desconhecido e que acabou por se revelar uma agradável surpresa. Comme de habitude, já não me lembro como se chama. Mas isto passa com a idade.
Depois de uma almoçarada digna de um rei que se preparava para enfrentar a tenebrosa fúria dos templários, lá ganhei coragem para entrar no castelo e conquistar um convento que se revelava como uma das maravilhas quase eleitas deste nosso quase país.
Depois de ter conseguido entrar pela porta da frente (sem que com isso me tenha tido que disfarçar de sarraceno esfomeado), comecei logo por estabelecer uma série de amizades estratégicas.
Sim, depois de ter visto a versão da Disney do Corcunda de Notre-Dame, as gárgulas nunca mais foram as mesmas.
Esta é mesmo a fotografia da praxe. Se não a tivesse tirado, ninguém acreditaria que eu tinha realmente estado no Convento de Cristo.
Depois de ter travado amizade com uma segurança, que me proibiu de tirar fotografias num dos sítios que era expressamente proibido tirar fotografias, começou a verdadeira demanda quixotesca de descobir a saída do Convento.
Suspeito mesmo que terá sido mais fácil para o Maradona abandonar o futebol do que eu conseguir encontrar a saída.
Mas ao fim de uma boa meia hora, em que passei por uma série de claustros que foram perdendo a sua beleza à medida que o desespero subia, lá me deparei com a única placa verdadeiramente perceptível em todo o monumento.
Mais tarde vim a saber que tinha sido um arquitecto de renome a desenhar as placas imperceptíveis para o mortal dos comuns. Naquele momento, senti-me manifestamente descontente com a minha falta de iniciativa por nunca ter estudado a fundo (quizá um mestrado) a obra de Walter Gropius ou de Corbusier. Talvez me tivesse dado jeito.
Talvez me tivesse safado.
Talvez.
Depois desta pequena desventura, respirei fundo e pedi ajuda aos rapazitos do polígono de Tancos para conquistar este castelito abandonado à sua sorte no meio do Tejo.
Mais dia menos dia não será de admirar se o encontrarem no meio do estuário do Tejo, entre Lisboa e Almada.
Etiquetas: Arte, Criação Agostiniana
Beijos