Não foram precisas muitas horas em Istambul para tomar contacto com a mais pura essência do ser turco que é o negócio.
Por todo o lado fui abordado com a fatídica pergunta de "Where you from?", seguindo-se uma enumeração de países latinos, eslavos e latino-americanos nunca chegando a referir o nosso Tugalito.
Para os poucos felizardos que chegaram a saber de onde era (a resposta mais comum foi mesmo um "guess" desinteressado como quem os convida a irem ver se já choveu Riade), o nome de Cristiano Ronaldo veio sempre ao de cima.
Perante o meu olhar de desprezo, logo passava à parte da boa negociação, o que para mim é um prazer apenas comparável ao de pontapear pedrinhas soltas na calçada portugesa tentando acertar nos espelhos dos carros estacionados em cima do passeio.
Mas a oferta deles deixou-me fascinado, com especial destaque para o bazar das especiarias onde me vi obrigado a trazer um sem número de condimentos que não lembram ao menino jesus, mas que prometem apimentar um pouco mais a minha vida e de todos os corajosos que em minha casa ousarem jantar nos próximos tempos.
Claro está que não pude deixar de trazer um tapete por pouco menos de metade do preço original depois de ter feito o choradinho de que era jovem e que Portugal era um país miserável. Perante o meu ar de refugiado vietnamita brilhantemente representado durante 40 minutos, o senhor lá cedeu e deixou-me levar um tapete todo ele muito étnico (sim, já vi cerca de dois episódios do Querido Mudei a Casa) para casa.
Mas por muito que o meu corpo tenha circulado, deambulado, arrastado, empurrado e pontapeado entre o Grande Bazar e o das Especiarias, gostei particularmente deste outro que aqui vos ofereço e que fica assim ao lado da grandiosa mesquita azul (a tal do chulézinho).
Antes mesmo de me despedir deste post, queria deixar a nota de que muitos comerciantes portugueses teriam que aprender com a simpatia e a arte de bem servir dos turcos, pois quando me vi em plena loja de calças de contrafacção (ou "original from Turkey" como me elucidou o comerciante sobre um par de Levi's) a beber chá como forma de celebração de um negócio, pensei na simpatia com que conseguimos ser tratados em tão boa loja por esse país fora.
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