De forma a melhor conseguir apreender tudo o que o Código do Direito de Autor e Direitos Conexos têm para me oferecer, resolvi encaminhar o meu corpo para esse franchising de nome apetitoso que é o Cañas y Tapas.
Perante a imensidão de oferta, acabei por remeter o alcance da minha vista para algo mais tradicional.
E mesmo aí surgiram-me dúvidas existenciais capazes de fazer inveja ao Woody Allen ou condenar o Sartre ao sétimo círculo do inferno existencialista.
Ora vejam lá e partilhem este meu drama : tortilla ou huevos rotos (sou uma pessoa simples, de gostos simples).
Apeteciam-me os dois, mas a minha barriga não se compadece para com tamanhas gulodisses e fui mesmo obrigado a fazer uma escolha. Depois de uma longa reflexão, digna de um Sócrates ou um Sun Tzu, optei pela tortilla.
Esperei um pouco, devorei uma mista (depois de um episódio por deveras longo e complicado para aqui explicar passado com uns indivíduos brasileiros que desconhecem os mais básicos termos cervejísticos existentes neste país que teve a infelicidade de me ver nascer) e, enfim, lá veio a tortilla.
Acabadinha de fazer, cheirava "de puta madre" e o meu apetite abriu-me a boca e o estômago para tal pitéu que, de tão simples, me fez crescer água na boca. Já não me lembrava da última boa tortilla que tinha comido e o desejo aumentou exponencialmente enquanto o garfo se aproximava da minha boca salivante.
Mas bastou uma singela garfada para perceber que a tortilla sabia a huevos rotos, assim conseguindo cumprir os meus dois desejos mais obscuros e uterinos. Não conseguia, pura e simplesmente, acreditar! Elevei as mãos aos céus, agradecendo tamanha dádiva. Pensei mesmo enviar um sms ao Cardeal de Lisboa a denunciar tamanho milagre ou até mesmo ir Palencia a pé só para visitar alguém que me queira ouvir.
Claro que guardarei para sempre, com uma certa emoção e tudo, aquela cozinheira que me satisfez como nunca nenhuma outra.
E isto, apesar das patatas alioli estarem terrivelmente mal fritas e a mayonese ser digna de uma marca dita branca de uma qualquer grande superfície.
Mas um 2 em 1 daqueles merece. Muito. O que é, por vezes, o contrário de nada.
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