Big Breasted Blonde Amateurs
«Cada ratinha tem o seu mistério e desvendar uma não quer dizer que percebemos o mistério total», Puchkine, Diário Secreto
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Num acto de pura insanidade propus que se pegasse na primeira frase dos 100 anos de solidão e que um grupo a desenvolvesse.
Numa medida verdadeiramente tresloucada, predispus-me a ser o primeiro. Tremiam-me as mãos e sentia a cabeça confusa.
No fim, lá escrevi qualquer coisa, cheguei a um pequeno impasse ou bloqueio e resolvi passá-lo para outra pessoa.
Agora só voltarei a pensar nisso daqui a sete bocados.
Até lá, sentirei uma tremenda solidão e expectativa.
A senhora que se segue é a M.
Eu fiz isto::

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.
Infelizmente, também eu recordo. O meu avô era dono da velha loja de gelo que tinha aberto na aldeia perdida onde nasci. Na altura, poucos eram os que sequer sabiam o que era gelo. E o coronel, no auge da sua altivez clamou bem alto como seu último desejo ver gelo.
Dizem que morreu num abraço quente ao saco de cinco quilos que o meu avô lhe ofereceu numa manobra de pura publicidade e que deixaram o gelo derreter-se sobre o corpo moribundo durante horas a fio. Esta última ocorrência deveu-se ao facto de o fuzilamento ter coincidido com a greve dos coveiros municipais, sendo que o sr. Arménio, típico resistente nestes tipos de iniciativas – a porra do dinheiro já é pouco, dizia – encontrava-se de baixa.
Não sei quando foi enterrado, pois durante sete dias o caminho que levava à praça principal me foi interdito por mãos familiares e ameaças que ainda hoje tenho medo de relembrar.

Etiquetas: ,

1 Comments:
Blogger M escreveu razoavelmente...
Obrigadinha pela batata quente ;)

Hihera.com